terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A dança e o ritmo da vida. Optchá!

Esse texto, chegou  a mim um dia após a Sessão do Povo Cigano em que o Cigano que trabalha comigo se utilizou dessa mesma metáfora com uma consulente. Eu sempre tive uma certa dificuldade com essa linha de trabalho e as aproximações sempre exigem mais de mim e por consequência deles, assim, quando é permitido eu conhecer mais esse povo o encantamento e a paixão  só aumentam. Foi um dos textos que eu mais gostei e achei de uma beleza indescritível. Esse povo, realmente sabe como fazer-nos apaixonar: 


 Desde as histórias mais antigas e remotas sobre a criação do mundo e como princípio construtor das religiões é ressaltada a importância do som, da música e da dança. A dança, como todos sabemos, é para os ciganos parte de sua constituição, do seu ser. Desde o nascimento até a morte a dança está presente. 
Para o hinduísmo, uma das mais remotas religiões ocidentais, o som se faz presente através do OM e a dança através do deus Shiva Nataraja. 
Conta à lenda, que através de uma dança chamada de tandava esse mesmo constrói e desconstrói o mundo. Nessa representação, este Deus está dançando, ao som do tambor (que representa a criação através do ritmo do OM), dentro de um círculo de fogo (representando os ciclos encarnatórios ou a roda da vida).
Pensemos um pouco sobre essa representação e analisando de forma ampla as filosofias ocidentais mais antigas de auto aceitação. 
Os princípios básicos de entendimento sobre o eu e o ser, sobre aceitar as imperfeições como constituintes desse princípio único de existir. 
As filosofias espiritas mais modernas por muitas vezes criticam essa postura, demonstrando através das encarnações a necessidade de melhora constante na existência e na percepção do eu,quando deveríamos relaxar e dançar com a música. 
O karma , ou o que fizemos em outras vidas, nos marcam profundamente todas as existências , nos tornando vítimas e mais ainda (através das filosofias modernas) como juízes críticos de nós mesmos.  Sentimento esse que nos impede de dançar com o ritmo. 
A dança assume o sentimento de liberdade para os ciganos, não somente no seu conceito mais amplo, mas remetendo às antigas sabedorias ocidentais a exemplo da dança do Shiva em que a todo momento, através de um ritmo constante , são construídos e desconstruídos princípios, sentimentos, desejos ...
Por que não nos permitimos assim, dançar sem medo? Assumir a música, se entregar ao som (entregando-se ao eu), libertando-nos do medo, da insegurança, da culpa passada. Permitindo-se dançar sem vergonha, buscando o ritmo do som (mesmo que para tanto precisemos dançar da “nossa forma desritmada” de ser). 
Por que não dançamos contemplando os passos em falsos e a felicidade em cada batida? 
Por que não realizamos a experiência da liberdade e do ritmo constante do amor em nossos corações? 
Por que a representação artística e dançante do eu tornou-se desimportante? 
Por que buscamos coreografias ensaiadas com o todo quando devemos mostrar a beleza da nossa dança aprendida durante milênios de encarnações? 

De um amante cigano, que busca na música reconectar-se com sua essência divina, entregando-se a liberdade e ao amor.




06 de Julho de 2015
Por Cigano Igor
Psicografado por Matheus Capra Ecker

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